Thiago Salomão entrevistou Luis Oliveira da Pimco, Luis Amaral da Equitas e André Ribeiro da Brasil Capital
Dinâmica macro
Luis da Pimco começou fazendo umas avaliações sobre o cenário macro.
Não teremos crise nos próximos 12 meses, mas ela inevitavelmente irá chegar. Ao contrário de 2008, em que tivemos uma crise muito profunda mas muito rápida, a próxima será pouco profunda mas muito longa (pois os bancos centrais não possuem mais margem de manobra).
Teremos 5 fatores disruptores: (i) China – pode desvalorizar o CNY, “exportando” deflação. China está cada vez mais fazendo produtos com valor agregado mais alto; (ii) populismo está ganhando muita força; (iii) demografia – natalidade está caindo e previdência cada vez mais fica estruturalmente deficitária.; (iv) tech – modelos de negócio estão sendo cada vez mais desafiados. E não se tem a menor ideia de qual vai prevalecer; (v) vulnerabilidade do setor financeiro. Setor de crédito corporativo está tomando muita dívida e o spread de crédito está muito pequeno. Total de dívida na economia cresceu muito e a qualidade do crédito piorou.
Luis comenta que ele tem evitado crédito corporativo (localmente falando, vimos um estresse pequeno – leia neste link) e prefere crédito estruturado, com garantia. Ele tem caixa para aproveitar a volatilidade dos mercados (vai ter eleição nos EUA em 2020).
Entende – se que a partir de jan/20 vai ter discussão sobre eleições nos EUA. Lembrando que nas últimas eleições (2016), erraram o prognóstico sobre Trump candidato, Trump eleito e reação da bolsa.
Luis lembrou que mesmo com mensalão, Lula foi reeleito. Tem de entregar crescimento (e Trump está entregando)
Em termos globais, mercados emergentes são muito pequenos (apenas uma “pitada”). Luis gosta do Brasil, mas já gostou mais. Brasil hoje não é atrativo versus peers/Brasil no passado. Luis da Equitas aproveita para comemorar que o Brasil se tornou um país em que a renda fixa não é atrativa (é hora das ações).
IBOV
Ibovespa negocia a 12x P/E, enquanto peers negociam a 15x P/E. Existe a possibilidade de Brasil convergir ao múltiplo dos peers (eu prefiro não pagar isso na frente) e ainda surfar o crescimento de earnings nos próximos 12 – 24 meses.
Luis da Equitas comenta que está tendo um ajuste de portfolio (renda fixa para renda variável) e a ausência do gringo possibilita de ajuste ocorrer de forma gradual. Ele olha em 3 esferas: (i) fundamento – Brasil está começando a crescer; (ii) técnica – fluxo para a renda variável; (iii) relativo – P/E
Carteira Brasil Capital
André falou que as empresas ficam por um bom tempo na sua carteira, pois entende que não sabe controlar o momento em que o mercado reconhece de forma efetiva a companhia.
No primeiro semestre ele estava reticente com Brasil e apostou em ativos de infraestrutura (CSAN, RAIL, ALUP, EQTL, ENEV, ENGI). No segundo semestre decidiu apostar em empresas com exposição à recuperação da atividade por estar mais otimista com Brasil.
Mesmo com preocupação de impacto de fintechs, possui Itaúsa há 10 anos na carteira. Entende que existe um espaço muito grande para crescer a penetração de crédito no Brasil (relação crédito/PIB é mais baixa que peers).
Equitas
Proposta é evitar perda de capital. Não gostam de concentrar posições pois pode estar errado e ocorrer uma disrupção.
Observam horizonte de 3 a 5 anos (ativos permanecem em média 40 meses na carteira).
Se preocupam em entender o diferencial competitivo, histórico da empresa (se teses foram efetivamente testadas ou não).
Gostam de IGTA, AZUL, PETR.
Empresas com liderança, que possuem diferencial e há um macro ruim (shopping, aéreas).
Pois, quando o macro virar, elas vão surfar bem.
Equitas trabalha com 20 a 25 papeis na carteira, sendo que 6 – 7 principais nomes representam 50% do fundo.
Quem é o capitão do seu time?
Brasil Capital – Cosan, por ter vários portfólios e boa execução. André entende que não haverá disrupção em setor de infraestrutura no Brasil.
Equitas – não tem capitão.
Setor de carnes
Brasil Capital não olha
Equitas entende que a questão da China é algo pontual e não gosta do setor.
Ação que acertaram
Brasil Capital – Centauro
Equitas – EzTec
Ação que não entrou na carteira mas deveria ter entrado
MELI para ambos. Não tiveram conforto, não concluíram o case e acabou não entrando.
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