XP entrevistou Ian Caó da Gama Investimentos e André Fadul do Credit Agricole, mediado pela Camila Dolle da XP Investimentos.
Perda recente nos fundos de crédito
Houve uma boa queda da SELIC em 2019, ano começou muito otimista o que possibilitou a companhias captarem a taxas mais baixas.
Combinado a um fluxo forte de resgate, gestores tiveram de vender e demonstrou que renda fixa que volatilidade sim.
Qual o racional por trás de mudança de patamar de preço? (i) piora generalizada; (ii) redução apetite; (iii) fatores técnicos. O entendimento é que foi por fatores técnicos.
Havia muita oferta a taxa muito baixa e tomadores da dívida começaram a cobrar mais caro e revisar os ativos que tinham sido emitidos recentemente.
Fundos que tinham liquidez diária sofreram um pouco por terem ativos com menor liquidez que pagavam mais (famosa pimentinha).
Dinâmica atual do mercado
Houve melhoria de rating de todas as companhias em geral.
Muita gente estava captando à % do CDI e em todo o mundo se trabalha com um prêmio de risco nominal, não prêmio de risco flutuante (%CDI é uma jabuticaba brasileira). Como efeito colateral, cada vez mais teremos aversão a este tipo de dívida.
Camila lembra que renda fixa não morreu, está presente na recomendação de alocação em todos perfis. A qualidade do crédito melhorou de fato (taxas menores são exigidas).
Há uma necessidade de investimento em infraestrutura e uma parte do financiamento inevitavelmente será via dívida.
Mercado local está se desenvolvendo bastante, empresas grandes como Klabin e Gerdau que faziam emissões no exterior estão fazendo emissões no mercado local agora pelo simples motivo de o mercado local estar aceitando taxas mais baixas.
Upside x downside
Lembraram que o upside do crédito é pequeno (se tudo der certo, você recebe o combinado) e o downside é gigantesco (não recuperar o dinheiro investido).
Bolha de Crédito?
Não estamos tendo uma bolha de crédito, pelo simples motivo de ele ser pouco representativo (5% da classe de renda fixa está em crédito privado).
Mesmo com o estresse da marcação a mercado, houve um grande volume de compra muito rápido. Dinheiro tem, a questão é taxa.
Eles entendem que ainda haverá um impacto negativo em dezembro e provavelmente em janeiro teremos retornos positivos nos fundos.
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