Thiago Salomão realizou um Stockpickers na Bloomberg com presença exclusivamente feminina.
Aline Cardoso da Trafalgar Investimentos, Sara Delfim da Dahlia Capital e Betina Roxo da XP Investimentos.
Investir no Brasil x investir no exterior
Ambas gestoras (Sara e Aline) possuem oportunidade de alocar recursos do fundo lá fora. Betina, por hora, foca apenas em Brasil.
Aline toca um fundo que pode alocar até 40% dos recursos fora do Brasil (hoje alocam 20% fora do Brasil). Por questão da familiaridade com América Latina, investe preferencialmente em ativos desta região.
O legal é olhar para as tendências que estão em outros países e podem chegar no Brasil (e vice-versa). AMLO, por exemplo, é a Dilma de sombrero.
A vantagem de investir em ativos de países no qual você não vive é que você fica fora do ruído. A desvantagem é ficar longe das empresas (o que é parcialmente mitigado via Skype).
A grande diferença do Brasil para os países vizinhos é que nos outros países o setor de renda variável é majoritariamente dominado por fundos de pensão e grandes bancos (há poucas assets independentes).
Sara lembra de levar em conta a diversificação: Em 2014 – 16, Brasil estava muito ruim e Argentina/México estavam em um bom momento. O fundo da Sara pode ficar no máximo 20% exposto fora de Brasil (hoje está 10%).
Tirando o Brasil, Colômbia é o melhor cavalo hoje. Está no DNA de países Latam ter uma surpresa todo dia, a questão é não ser impactado pelo ruído.
Dahlia está comprado em MELI, COPA, ARCO
Brasil x Chile
Enquanto no Chile estamos vendo uma perda de renda da população, o brasileiro está voltando a ter renda. Brasil está muito atrasado no ciclo.
Estrangeiro não vai entrar na bolsa?
No geral, gringo entrou em IPOs e saiu na bolsa. Em termos líquidos ficou no zero a zero/negativo.
Historicamente falando, Brasil era o país do juro alto. Brasil era exportador de juro real e esse capital de carrego acabou.
Outro ponto muito importante é que o mundo quer empresa de tecnologia (e as poucas que temos foram listadas lá fora).
Os principais cavalos da bolsa: (i) bancos são ameaçados por fintechs; (ii) Vale tem problema de governança; (iii) Petrobras tem issue de impacto no meio ambiente.
Mas local vai aumentar exposição em renda variável por interesse em melhorar a rentabilidade da sua carteira. Mesmo com múltiplos mais altos que o histórico, faz sentido investir na bolsa porque a nossa realidade atual está melhor que o nosso passado.
Carta recente da Dahlia
Brasil está dando certo, mas há muitos fantasmas (crise política, briga entre poderes, etc). O ponto é que isso faz parte, foco para frente. Estamos na direção correta.
Queda recente JBS
Betina lembrou que o problema de oferta deve ser endereçado em uns 2 anos. Existem pontos negativos no curto prazo, como: (i) revisão da delação da JBS; (ii) venda da BNDES; (iii) uma possibilidade de a China mitigar o impacto da peste suína.
Olhando para governança, o segredo é tentar ser imparcial e entender o que a empresa está fazendo para melhorar.
Veganismo
A realidade do mundo é diferente do seu círculo social. Cerveja artesanal não vai destruir a AmBev e veganos não irão destruir o mercado da carne. Sim, irão sofrer um impacto mas não será 100%.
Inclusive, Marfrig e JBS já estão fazendo hamburgueres vegetais.
MELI x MGLU/VVAR
Aline gosta bastante de MELI e lembra que o tráfego dela é 3x o da B2W e tem 2x mais SKU que a B2W.
Olhando para as três, cada empresa está em um momento diferente de seu pilar estratégico. Quem vai vencer é quem tiver o melhor ecossistema. Aline entende que tem espaço para todo mundo, vai demorar para ter canibalismo.
ARCO x BKBR
Sara tem ARCO e entende que McDonalds tem uma marca forte, está investindo bastante em tecnologia e focando na experiência do cliente. Eles implementaram totem apenas em 20% das lojas, há muito potencial ainda.
Sobre o aumento do preço da carne, Sara lembrou que McDonalds faz hedge por 12 meses e vai demorar para sentir o impacto do preço. Pequenos reajustes ao longo do tempo podem mitigar isso.
AZUL
Sara também possui Azul. Destaque para melhoria do negócio de carga (atualmente é 5% da receita contra 30% da receita da Volaris).
70% da malha em que a Azul atua é monopólio dela.
Gol está com problema com novos aviões (737 Max), enquanto Azul está tranquila.
Há um possível IPO da TAP em 2020 e Azul pode monetizar a sua participação.
PETR
Enquanto isso, o principal risco de aérea é câmbio e petróleo. Petrobras compõe bem a carteira, sendo um hedge para a Azul.
Companhia desalavancando, vendendo ativos de refinaria (reduz risco político de intervenção de preços) e crescimento da produção também ajudam na tese de investimento da Petrobras.
VIVA
Aline gosta por: (i) indústria de joias ser fragmentada (líder tem 10% de mercado); (ii) mercado é resiliente; (iii) possui métricas boas: margem bruta de 70%, ROIC 45%; (iv) companhia é verticalizada – se uma coleção não dá certo, derretem e usam como insumo para a próxima.
SMLL
Dahlia investe no índice SMLL pois entende que IBOV não corresponde à economia real e também por mitigar eventos pontuais como QUAL e SMLE.
Ações vencedoras para 2020
Aline – IRB: ainda não tem, mas está estudando
Betina – JBS: escorregou um pouco, mas ainda tem upside
Sara – GRND: derrapou bastante, múltiplo baixo, deve entregar no futuro.
Ação perdedora
Sara – CNTO: subiu demais e Sara deixou de ganhar.
Aline – BRF: demorou para entrar e depois quase perdeu dinheiro
Betina – SUZB/GGBR: cases com upside mas demorou para engrenar
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