Samuel Ponsoni conversou com XP, IP Participações, Ashmore e Systematica
Outliers #15
Samuel Ponsoni conversou com Marcos Peixoto e Rodrigo Furtado (XP Asset)
Peixoto
Começou em 2001 no BBM. Principais bancos no Rio na época eram Opportunity, Garantia e BBM
Foi para o Itaú Asset por 6 anos e depois para a XP em 2013
Rodrigo Furtado
Está na XP desde 2009
Cultura BBM
O preço importa, não ter preconceitos. Não fazer blacklist, saber precificar tudo
Fazer tamanho de acordo com o risco
Profissionalização XP Asset
Começou em 2005 pelo Julio Capua. Copiou por 2 – 3 anos a carteira da Dynamo e depois foi tomar decisão para isso
Há 2 estratégias de renda variável dentro da mesma casa
O problema no Itaú (2007 – 2012) era falta de coordenação do analista. Possuem várias estratégias, mas todas seguem a mesma matriz
Todas os fundos de ação estavam fechados e decidiram criar uma equipe própria para o Rodrigo Furtado. Cada um aloca de maneira independente
Asset é um business de pessoas, é necessário ter baixo turnover. Meta é estar no primeiro quartil, não ser primeiro em um ano e último no seguinte
Long term foca mais em ativos no longo prazo, enquanto Peixoto tem uma perna mais no trading
AuM
XP Asset tem 75 bilhões de reais, sendo 7 bilhões em renda variável.
2 bilhões são renda variável dentro do multimercado, equity puro é 5 bilhões de reais
Estratégias
Gostam de ter produtos matriciais: investor FIA (valor) e dividendos (dividendos);
Investor FIA -> gera long bias, long short, previdência
VVAR
Entender como influenciar de maneira positiva, ajudar a companhia. VVAR foi o caso mais recente
Fizeram estudo de 6 meses e descobriram que marca era forte, havia diferencial competitivo ainda presente e mudança de gestão faria diferença
Não tinha cheque para comprar toda participação do Casino, decidiram procurar outros investidores
Não ter preconceito, empresa muito mal gerida mas havia oportunidade
Viam 2 estágios: empresa passar a dar lucro; em que medida novo time consegue implementar agenda digital e se aproximar da Magazine Luiza
Primeiro estágio já está no preço, segunda estágio não
Agenda está sendo implementada, mas vai demorar ainda
Posição não é top 5 do fundo, é 5% do fundo no Long Term
Peixoto tem 9% do fundo em VVAR
Principais posições Investor FIA
ELET, CCR, BBAS/BBDC
Estão vendo ativos fora do Brasil, fazendo arbitragem VALE x RIO; entraram no IPO da Vitru
Principais posições Long Term
NTCO, VALE, MELI, STNE
Há muita sinergia na Avon; Vale a 120 USD/ton está muito barato; Meli vai disruptar sistema financeiro; STNE está gerando vários produtos aos clientes (crescimento deles não está no preço ainda)
Procuram papéis próximos da realidade, no Brasil
ESG
Era mais no feeling, era difícil precificar
Não acredita em blacklist por universo de investimento no Brasil é muito pequeno
Contrataram consultoria interna e possuem framework de análise de ESG e estão tentando colocar isso no preço
Long bias em 2020
Investor FIA ganha do índice, performance do long bias está bem mal.
Sempre conseguiu se defender dos drawdown de bolsa, mas esse ano errou no direcional
Long bias pode ficar de 20% a 120% comprado, em média está 70% comprado
Erraram posição em derivados, estavam vendido em puts; Patamar de vol estava mal planejado e sofreram muito (-5%)
Sizing de posição (estava muito grande em VVAR), no meio do coronavírus não podiam vender (pois fazia parte do conselho); não vão mais fazer parte de conselho
Tinham IRB, demoraram para zerar (zeraram nos 20 reais)
Cases muito bem sucedidos
SUZB e MRFG -> comprou e já zerou
Destaque Long term
MELI, NTCO, STNE
No início da crise saíram de ativos que sofreriam com crise e quem estava com caixa apertado
Características a se observar nos próximos anos
Pessoas, track record, turnover, cultura
Se pessoas implementaram estratégias que eles venderam
Investidor que entre em diferentes momentos do tempo possam ter o mesmo fundo
FIA que alocariam alocar
Sharpe, Squadra, Tavola, Kapitalo, Navi
Outliers #16
Samuel Ponsoni conversou com IP Capital (Bruno Barreto e Pedro Andrade)
IP Capital
Surgiu em 1988 com a proposta de fazer uma gestora independente. Mas não existia essa figura no Brasil. Começou como consultoria e geria carteira individual para os clientes
Depois começaram a gerir um fundo de um banco que estava esquecido
Gostam de ser gestores ativistas/colaboracionistas, fazem desde a década de 90
Em 2001 começam a investir no exterior e em 2012 começam a investir via BDRs. BDRs satisfazem regra de alocar no mínimo 67% do patrimônio do FIA em ações
Ser cada vez mais seletivo e não fugir disso
Precisa investir pelo menos 50% do seu patrimônio nos fundos da IP e resgatar o dinheiro em 2.5 anos (clientes resgatam em 1 mês)
Alocação
Focam apenas negócios excepcionais, fora da curva, pessoas incríveis
Fizeram lista das empresas excepcionais: 40 no Brasil, 120 lá fora. Vão acompanhando os papeis e alocam quando há oportunidade. Não quer pagar demais pelas empresas
6 pessoas discutem e concluem em quais ativos alocar. Ter conhecimento, contexto das empresas e ir discutindo bastante antes de começar a alocar.
Sempre requestionar os investimentos
Horizonte: Value Hedge -> 3 anos
IP Participações -> 5 anos
Principais ativos -> Facebook, Google, Berkshire, Netflix, Charter, B3
Se preocupar em ver se ativos conseguem gerar novas fontes de valor, se conseguem surpreender positivamente.
Maior desafio é compreender o preço atual, o que estão pagando
TIR alvo é 12 – 15%
Entender bem o case pois às vezes o mercado não entende o case
Possuem EQTL, MULT, BRML, reduziram LCAM (por causa da alta)
AAPL foi a segunda maior posição do fundo em 2018 – 19, agora estão vendidos em AAPL apenas para compensar a posição que a Berkshire possui em Apple
Divisão
Há 9 pessoas e todos analisam tanto Brasil quanto exterior
Pessoas participam ativamente da gestão
Analista não é apenas provedor de informações, participa ativamente da gestão
Fundos
IP Participações x Value Hedge -> diferença é prazo de investimento
IP Atlas -> apenas no exterior, busca retornos em dólar
IP Prev -> IP Participações ajustando para a regulação de previdência
Carteira
IP Participações tem 15 – 20 papeis, sendo que as 5 maiores são 45% – 50% do fundo
Posição grande -> acima 8%, difícil passar de 20%
Posição média -> 4% a 5%
Posição pequena -> 2% a 3%
Value Hedge -> ponta comprada similar ao IP Participações; foca em ter entre 13 a 20 papeis na ponta long
Possuem poucos shorts single names por questão de liquidez no aluguel.
Net exposure do Value Hedge-> 2008 – 15 -> 35%; 2015 – 19 -> 40%; hoje está em 71%
Investimentos internacionais
Gostam bastante de Berkshire
O ponto positivo de investir no exterior é que a fonte de informação é infinita, tem muita coisa na internet.
Você consegue ter uma noção do que deve ocorrer no futuro aqui no Brasil
Você consegue fazer vários filtros e ainda encontrar ativos para serem investidos
Critérios para escolher alocar em fundo
Alinhamento com o fundo (muito do dinheiro do gestor estar no fundo), entender histórico das pessoas
Entender resultado, apetite a risco (foi sorte ou foi método?)
Filosofia de investimento muito clara, não ficar desesperado com barulho. Não panicar
Gestoras
Velt
Outliers #17
Samuel Ponsoni conversou com Fernando Assad (Ashmore). Ashmore é uma gestora focada em mercados emergentes (onde ainda há crescimento e onde ainda há prêmio de risco)
80% dos países do mundo e mais de 80% do crescimento dos últimos anos está vindo de países emergentes
Fernando
Pai foi trabalhar na Petrobras em Londres, fez faculdade de economia e começou a trabalhar lá
Trabalhou Societe Generale, Morgan Stanley e depois foi para Ashmore (em 2007)
Principais crises que viveu
Crises nos anos 90 afetava todos mercados emergentes
Desde anos 2000 não há contágio generalizado nos emergentes, logo há retorno ao diversificar em outros países emergentes
Tentar entender a progressão macroeconômica do país, efeito nas políticas monetárias e fiscais e quais setores/empresas se beneficiam
Crise 2008 -> emergentes fizeram bottom antes de desenvolvidos
Crise 2020 -> bancos centrais foram muito rápidos (15 dias em 2020 x 15 meses em 2008)
Ashmore
Empresa independente, focada em mercados emergentes
Foco inicial era dívida, agora o maior vetor de crescimento é em ações
Processo de investimento/análise integrado
Fazem análise proprietária, não há visão da casa
Quais países aprofundar?
Primeiro limitar o risco através de análise macroeconômica
Começam com proposta top down, depois olham papel em específico
Possuem alocação ativa em moedas, se fazem hedge ou não
Se está cauteloso com uma área, não alocam
Principais países: 40% China, 14% Taiwan, 12% Coreia do Sul, 10% Índia e 6% em Brasil
Focou no Brasil em empresas expostas ao dólar e quem tem pricing power
Principais temas na carteira
Top 10 correspondem a 48% do fundo
Semi condutores na Coreia/Taiwan, commodities (cobre -> Grupo México e Southern Copper) e consumo nos mercados emergentes (principalmente Ásia – Alibaba) são as principais apostas da carteira
Mínimo de posição é 0.5%, posição média é 2% e máximo seria 10%. Máximo de alocação por país é 25% (exceção é China por representar 40% do índice)
Entende que bancos devem reverter provisões em 2021, aposta bastante na Índia.
Tenta ignorar a parte política, mas a verdade é que gerou volatilidade nos mercados emergentes. Houve muita incerteza em 2020, devemos ter reversão em 2021
Estão apostando em bancos brasileiros, aumentaram exposição recentemente no Brasil
O que olhar em uma gestora antes de aplicar
Entendem de onde que vem o DNA da empresa, vetores de geração de alpha e constância de do time e do processo
Gosta de ativos internacionais do Kinea
Emergente x Desenvolvido
ETFs ganham de gestores em desenvolvidos mas não necessariamente em emergentes
Dívida emergente costuma gerar retornos tão bons quanto equity em emergentes
Outliers #18
Samuel Ponsoni conversou com Leda Braga (Systema Investments)
Fundo sistemático
Proposta inicial, independendo da estratégia, é tomar decisões de investimento adequadas ao perfil de risco do cliente e atingir objetivo do cliente
A diferenciação ocorre quando é analisar via algoritmos e ele decide se empresas são bons investimentos ou não
Warren Buffett é discricionário, mas possui approach bastante sistemático
É necessário articular as regras explicitamente
Approach quantitativo é o futuro
Clientes querem eficiência, custos baixos e economia de escala
Leda Braga
Fez engenharia na PUC – RJ (começou em 1983), fez doutorado e trabalhou na Imperial College (1990).
Engenheiro quer resolver o problema de alguém, na academia não era muito motivador.
Área financeira era a área com maior potencial de crescimento na década de 90
Começou no JPM em 1993. Foi para Blue Crest
Fizeram spin-off em 2015, pois Blue Crest quis tocar apenas dinheiro próprio
Principais crises
2008 -> crise que evidenciou a importância de monitorar o caixa e o risco da contraparte
2013 -> possibilidade de retirada de estímulos nos EUA, benchmark subiu e fundo caiu. Lição foi fazer algoritmos ficarem mais fortes quando há correlação alta entre ativos.
O que é medido é gerenciável, conseguiram melhorar técnicas de custo de transação
Perfil profissional da Systematica
Há 3 divisões na parte de investimento: pesquisa, tecnologia e transações. Todos os grupos são dominados por disciplina quantitativa
Pesquisa seria mais acadêmico, tecnologia seria mais aplicado e transação seria mais aplicado dos 3
Há 110 pessoas no grupo, 25 em pesquisa, 37 na tecnologia e 10 em transações
Não há uma solução ótima, mas gostam de diversificar as sedes para poder contratar pessoas muito boas
Estão em Jersey por baixa taxa de imposto
Possuem 3 estratégias
Alpha Strategy -> carro chefe da companhia
Estratégias de extrema escala -> não há restrição de liquidez, taxa mais baixa de adm
Solução customizada para clientes
Como funciona o Blue Trend
Basicamente seguidor de tendência e acessa mercado via índices de futuros
Risco do fundo é igualmente divido entre setores: FX, juros, commodities, ações
Avalia a força do trend de cada mercado e relaciona o tamanho de acordo com o risco de cada mercado
Prazo de investimento é entre 5 dias e 3 meses
Quando mercado é volátil mas não sai do mesmo nível é ruim para o Blue Trend
Posições atuais da carteira
Estão com risco médio, estão apostando em ações e comprados dólar x outras moedas
O que analisar para alocar recursos?
Analisar resultados, integridade, honestidade, transparência
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