Coffee Stocks #30 #31 #32 #33 #34 #35 #36 #37

Thiago Salomão conversou com Thiago Harada (Verde, 6/mai/20), Gustavo Aranha (GEO Capital, 7/mai/20), Felipe Dexheimer (XP, 8/mai/20), Aurelio Bicalho (Vinland, 11/mai/20), João Landau (Vista Capital, 12/mai/20), Mario Toros (Ibiuna, 13/mai/20), Ettore Marchetti (Trafalgar, 14/mai/20) e Nilson Teixeira (Macro Investimentos, 15/mai/20)

Coffee Stocks #30


Thiago Harada é analista/gestor de ações globais na Verde Asset

Filtro seleção ações

Usam como referência o MSCI ACWI (All Country World Index) e só esse índice possui 3 mil empresas.

Possuem perspectiva macro e analisam fornecedores/clientes e o lado bom é que todos são listados, possuindo uma maior transparência

Vantagem de estudar empresas fora do Brasil

Não ter home bias. Outros pontos bons são maior acesso a informações e observar o mundo de uma maneira diferente. Nem tudo o que funciona no Brasil funciona lá fora e vice versa

Vantagem/desvantagem de estar em São Paulo

A governança corporativa é boa, o acesso às informações será o mesmo. A vantagem de estar perto é poder conversar com executivos

Alocação

Fundos multimercado alocam via índice e replicando a estratégia do Thiago Harada. Quebram empresas em 3 grupos: value (valor), compounders (empresas de qualidade) e tech

Com a crise, um subgrupo de tech foi criado e chamado de “stay at home basket” -> empresas que foram beneficiadas com pessoas ficando em casa: Amazon, Netflix, Microsoft, Service Now (serviço de nuvem) e Domino’s Pizza.

Apostam também na Dollar General que é exposto à baixa renda e funciona bem quando economia americana começa a desandar

Em value, gostam de Union Pacific (ferrovia) e Republic Services (caminhões de lixo e lixões)

Melhor empresa listada

Amazon

Racional em investir em gigantes como Coca Cola, Mc Donalds

Elas são empresas globais, o vetor de crescimento atual está nos mercados emergentes

Buffett x S&P

Buffett acha que S&P está caro em uma proposta de valor e Thiago não acha que ele está errado, apenas segue uma estratégia diferente.

Coffee Stocks #31

Gustavo Aranha, sócio responsável pela área de distribuição da GEO Capital

Stockpicking em ações globais

Filtro começa com 60 mil empresas e analisa o modelo de negócio das companhias. Faz sentido ser sócio desta companhia? A empresa protege o lucro dela? Gostam de 3 indicadores: (i) pricing power: empresa que dita o preço no mercado; (ii) cultura de dono: respeito ao minoritário e governança corporativa alinhada ao acionista; (iii) alavancadas de crescimento -> quais são os vetores de crescimento da companhia?

Fazendo esse filtro chegam em 60 empresas que, para entrar no portfolio, apenas precisam estar baratas

Disney

Ela possui pricing power muito forte, é difícil replicar os parques. Possui vários personagens e grande capacidade de monetizar eles.

Desenvolveu também várias alavancas de crescimento: filme, parques, hotéis e streaming e ESPN e FOX e expansão internacional

Cultura de dono: ela tem uma gestão muito alinhada com o médio e longo prazo. Tem no Robert Iger um CEO super admirado e uma cultura de dono muito forte. Ele está saindo, mas antecipou a saída para ele fazer essa transição da melhor maneira possível. Ele está passando o bastão para alguém que está na companhia há muito tempo.

Ações ou BDR?

Ações, BDR tem pouca liquidez

Portfolio

Das 21 empresas da carteira, 7 são europeias e 14 são americanas. Sim, mercado americano é relevante mas as companhias faturam em outros países

Moodys

Gostam do modelo de negócio. Parece algo simples e replicável, mas o desafio é fazer todo mundo usar a sua plataforma. Não está atualmente no fundo por uma questão de preço

Coffee Stocks #32

Felipe Dexheimer é alocador de carteiras da XP Investimentos

Ativos internacionais

É bom ter exposição fora do Brasil para não ter um portfolio 100% exposto em reais

Dólar acaba sendo uma moeda mais forte em momentos de crise e menos volátil que o real.

A desvantagem é que o real já se desvalorizou muito (na minha visão pessoal não dá para fazer Market timing com dólar)

Coffee Stocks #33

Aurelio Bicalho é economista chefe da Vinland

Mudança de postura do Banco Central

Estamos em um cenário de atividade baixa que não pressiona o câmbio. E a queda forte no preço das commodities meio que compensou a alta do dólar. O que faltava para o Banco Central ajustar o foco era a inflação. Perceberam essa mudança e foco e acertaram a decisão de derrubar juros em 75 pontos.

Juro longo x juro curto prazo

É o prêmio de risco. Aurélio estaria mais preocupado se a curva estivesse mais inclinada -> margem para termos mais inflação

A curva longa só vai cair se o prêmio de risco ceder -> lei de teto de gastos precisa ser retomada em 2021.

Inflação

No curto/médio prazo, não é risco relevante. O maior problema é o fiscal

Dólar

Estão comprados por em momentos de aversão a risco o dólar sobe, mas é importante lembrar que meta do Banco Central não é dólar e sim inflação

Portfolio

Aposta na queda dos juros no Mexico e long/short na bolsa em termos táticos

Recessão

Deve ser curta e o fato de as pessoas voltarem para algumas atividades normais já deve ajudar na recuperação, mas ela deve ser gradual

Coffee Stocks #34

João Landau é gestor e fundador da Vista Capital

Estratégia

Em janeiro, decidiram zerar bolsa brasileira, ficaram short em rand sul africano e na lira turca. Em abril, aumentaram a posição em ouro, mas reduziram posição long em ações de tecnologia na Nasdaq. Continuam short em real e lira turca; Long em exportadoras brasileiras e short em ativos domésticos.

Portfolio

A performance em 2020 é reflexo de duas coisas: estávamos otimistas com Brasil em 2019, jogamos a toalha quando vimos os valuations caros no final do ano e achávamos que as reformas de governo ficariam só no primeiro ano.

Em janeiro nós ficamos muito preocupados com o coronavírus e aproveitamos para aumentar as proteções que já gostávamos: zeramos Brasil e ficamos short em moedas de emergentes como o rand, a lira turca e o real. Apesar das posições em petróleo e Petrobras, nos defendemos bem.

Montamos a carteira com estratégia de longo prazo. Gostamos muito hoje de petróleo, ouro e venda de moedas emergentes por culpa dos juros baixos e pouco crescimento. A posição de longo prazo fica e o hedge vai entrando.

Kit anti-Brasil

Tradicionalmente você fazia o kit Brasil: Bolsa andava, câmbio valorizava e juros caíam. Porque câmbio e bolsa refletiam o risco-Brasil. Mas hoje nossa relação de cambio mudou, é possível ver a bolsa andando e o dólar subindo. Perdemos essa correlação de terceiro mundo. Mudou o arcabouço. O dólar andar não significa que a bolsa vai cair.

Otimismo com petróleo

Acreditam que o petróleo de xisto dos EUA, que é o maior produtor do mundo, não para em pé. O investimento é muito elevado, é quase a operação do dia-a-dia. Já não acreditava que ficava em pé a US$ 60 dólares e a US$ 25 tenho convicção de que a operação de xisto não é lucrativa. Essa oferta vai cair.

Você compra petróleo quando o preço está abaixo do custo marginal porque a oferta tende a cair você tende a ter uma recuperação de preço e se a demanda voltar o preço também se equilibra. Petróleo hoje é um case de queda de oferta. Além disso, não vemos muito investimentos acontecendo no setor.

E não há melhor maneira de ficar exposto ao petróleo, do que comprado na Ferrari do setor, que é a Petrobras.

Em uma das cartas vocês falam sobre a diferença entre perseguir volatilidade ou evitar estresse. A meta de vocês é o estresse, é isso?

A volatilidade é o resultado, não o alvo. Mas tem muito fundo que olha a volatilidade como alvo.

Quando você compra uma ação, você não está preocupado com a volatilidade, você quer ganhar dinheiro. Sua preocupação é a empresa quebrar e você perder todo o capital.

Muitos fundos querem ganhar dinheiro com pouca volatilidade. Nossa preocupação são os grandes eventos, o que pode dar errado em algum momento. A volatilidade nós nem olhamos. Estamos preocupados com a perda permanente de capital, aquele dinheiro que não volta mais. Esse é o nosso objetivo.

A volatilidade é consequência do mercado, não é o objetivo do fundo.

VALE

Sim, a Vale está no portfólio. Temos algumas exportadoras na carteira. As empresas mais competitivas do Brasil são as exportadoras. E por que? Porque ela competem com todas as exportadoras do mundo. Não só competiam com elas, como competiam com dólar a R$ 1,50 e agora o dólar está a R$ 6. Do dia pra noite recebeu um presente que é o câmbio nesse patamar. É como um jogo de futebol, a R$ 6 é como se você jogasse com 15 jogadores e o outro time com os mesmos 11. Gostamos muito de exportadoras, grandes empresas e com um fator competitivo muito grande.

A Vale é uma delas, empresa sem dívida e com muita vantagem competitiva. Não temos a mesma convicção que temos com petróleo, em minério, porque a China é uma caixa preta. Mas o preço do minério implícito no preço da Vale é muito menor do que o atual preço dele. Se o minério cair 20% a Vale ainda está protegida.

Política

O Brasil é um case interessante. Já ajustamos boa parte dos preços relativos. Temos um arcabouço melhor do que a maioria dos emergentes. Não temos dívida em dólar, grandes reformas já foram aprovadas. Conta corrente já está zerando. Por outro lado, nós adoramos uma crise política. Eu me incomodo. Ficamos um país mais alavancado, com dívida/PIB maior.

O consenso de mercado é que Bolsonaro vai ser um Temer 2. Só acho que Bolsonaro não vai aceitar o que Temer aceitou. O Temer quis deixar um legado e não se importava em ser reeleito. Eu não acho que o Bolsonaro fará isso. Se ano que vem ele enxerga um país que não cresce, eu não acho que ele vai dobrar a aposta nas reformas.

Se ele fizer reforma de longo prazo, vai precisar de capital externo. O problema disso é que demora. Acho que corremos o risco do populismo voltar caso a economia não melhore no ano que vem. Caminho perigoso que já vimos que pode dar errado.

Temer quis ser popular em reformas, mas impopular com o povo. Bolsonaro pode preferir ser popular com o povo. Não sei se isso vai acontecer, só acho que existe um risco.

Ouro

Tudo indica aumento de oferta de moeda. Primeiro os BCs aumentaram fortemente a injeção de liquidez nos mercados. Hoje o problema da inflação não é mais a inflação, mas sim o combate à desigualdade, então os BCs tomaram o risco da inflação para distribuir dinheiro dos mais ricos para os mais pobres.

É um calote indireto, com mais dinheiro no mercado, a moeda se desvaloriza e todos perdem o poder de compra. É igual quando você vai viajar pra fora e perde o poder de compra. Em momentos como esse, de risco de inflação e perda do poder de compra, você busca ativos reais.

O grande ativo real que enxergamos no mercado é o ouro. Ele é finito, não da pra aumentar sua produção enormemente. É um ativo que não perde o seu poder de compra. É uma proteção.

Coffee Stocks #35

Mario Toros é gestor e fundador da Ibiuna Investimentos

Bolsa

Nos preços atuais não justifica o investimento em bolsa, tanto aqui quanto lá fora. Há uns meses atrás, perguntaram para o Ben Bernanke, ex-presidente do FED durante a crise financeira de 2008, o que ele teria feito de diferente na crise. E ele disse que se soubesse ele teria reagido mais fortemente e mais rapidamente. E foi o que fizeram dessa vez. O Fed fez em 2 meses o equivalente a 90% de tudo o que foi feito durante todo o Quantitative Easing (4 anos). O Fed seguiu o que Bernanke sugeriu.

Até por isso, lá fora nós achamos que grande parte dos preços estão influenciados por essas medidas.

Já no Brasil, nós estamos com uma visão bastante negativa. Estamos vendido em bolsa brasileira contra o S&P500, comprados em dólar e investido na inclinação da curva. Há uma limitação fiscal muito grande e junto a isso há o problema do coronavírus. O Brasil é um dos países que a curva está mais demorando para se achatar. O índice de contaminação ainda é muito alto, nem a Itália foi assim. Fora o nosso problema político. Essa posição foi montada ao longo dessa quinzena.

Selic

A taxa de juros de longo prazo (TLP) está subindo a 4 semanas. Nós até acreditamos que dá pra ganhar dinheiro nos juros, mas acreditamos que as condições são muito mais de aperto monetário do que de relaxamento monetário. O Brasil está uma confusão e acreditamos que vai haver uma deterioração de cenário e, consequentemente, de preço dos ativos.

Em fevereiro você estava cauteloso, mas não pessimista com Brasil. Hoje, podemos dizer que você está pessimista?

Com Brasil sim. Está uma festa do caqui em Brasília com a questão fiscal. Não existe uma relação fluida entre legislativo e executivo e por isso não acho que essa questão fiscal é perene. Exemplo disso aconteceu recentemente com manchetes dizendo que o auxilio emergente continuaria sendo distribuído até mesmo depois da crise. O impacto disso é de 8% do PIB. Temos uma visão muito cautelosa em relação a Brasil.

Coffee Stocks #36

Ettore Marchetti é gestor de renda fixa da Trafalgar Investimentos

Pandemia H2N2 de 195758

A gripe de 58 nasceu na Ásia, foi da China para a Tailândia e chegou nos EUA. Na época, chegou a matar 116 mil americanos (o que, na proporção da população da época, é muito mais do que o Covid-19). O PIB americano sofreu bruscamente, mas um ano depois a economia voltou rapidamente.

Essa crise, no entanto, é pouco comentada pelo mercado. E curiosamente, o nome dado a ela foi “recessão esquecida”

Estratégia

Olham para o estrutural de longo prazo, para o ciclo econômico e dividem ele no grande ciclo de longo prazo e em ciclos mais curtos.

Semelhança 1957 com 2020

Já no ano passado, estávamos procurando indícios históricos que poderiam levar ao fim do ciclo de curto prazo nos EUA, que já durava mais de 10 anos. Estávamos próximos do fim do ciclo. É claro que não prevemos o coronavírus, mas quando ele apareceu começamos a procurar algum paralelo histórico e a semelhança de 57/58 é muito forte.

Em 1957, começou na Asia a eclosão de um novo vírus que começou na China e se espalhou para outras regiões da Asia. Dado o fluxo forte de navios, o vírus se espalhou para a América. Em menos de um mês e meio, virou uma pandemia. As fontes mais fidedignas apontam para mais de 116 mil mortes nos EUA, o que seria equivalente a mais de 250 mil nos dias atuais. No mundo todo, o número de mortes foi de 1,1 milhões de vidas.

Naquele momento tivemos uma recessão que em termos econômicos foi muito forte no 4º trimestre de 1957 e no 1º tri de 58, mas no 2º tri pra frente a economia se recuperou muito rápido. Tínhamos uma cadeia menos globalizada, mas vimos uma queda muito forte de consumo e investimento de forma que o PIB chegou a cair 12% em 1958. Estamos falando de uma queda entre 25% e 30% para esse ano, mas foi uma recessão importante.

Lockdown foi muito pouco feito em 1958. Muita gente minimizou o problema. Naquela época, em cerca de 6 meses surgiu uma vacina que foi uma resposta relativamente rápida.

Política monetária

O juro americano rodava em torno da casa dos 3% e ao longo de 1958 o Fed colocou o juros a zero. Foi a primeira vez que o juro foi a zero. A política fiscal vinha trabalhando com superávit de 0,7% do PIB e em 1958 a economia teve um déficit de -2,5% do PIB. Ou seja, não tivemos estímulos tão fortes e rápidos como os que estamos vendo atualmente.

Ontem, na Live contigo, o Mário Torós citou a fala de Ben Bernake, ex-presidente do Fed na crise de 2008, na qual ele disse que se ele tivesse que fazer algo diferente na crise, ele teria agido de forma mais rápida. E de fato, na crise atual as respostas foram muito fortes e rápidas. Isso é mais uma evidência que a recuperação pode ser em V.

Mas a vacina ajudou muito em 1958. Se a vacina não aparecer você também acredita na recuperação em V?

O debate tem sido esse, é difícil saber como será a recuperação. Mas vemos o mundo todo juntos enfrentando o mesmo problema. Acreditamos que a solução é mais do que o mercado tem colocado. O tamanho da contração de PIB é muito forte neste ano em todas as economias.

A questão é: já no fim deste ano e começo de 2021, enxergamos a possibilidade de termos uma recuperação forte. É como se tivéssemos passado por um desastre natural, mas as pessoas continuam com suas dívidas relativamente controladas.

Como vocês descobriram isso?

Uma das etapas de nossos investimentos é analisar os longo ciclos econômicos. Então, sempre que algum evento inesperado acontece, nós vamos procurar alguma evidência histórica parecida. Em 3 meses o S&P500 caiu 23% em 1958, são características muito similares. Buscamos insights em outros momentos do longo ciclo.

Em relação ao desemprego, como foi em 57?

O desemprego saiu de 3,5% para 8% após 18 meses da crise. Na pandemia atual pode ser algo parecido. Em 2008 ele chegou a 12%. Algo entre esse dois números me parece possível.

E o juro americano?

Saiu de zero, no auge da crise, para 4,5% em 1959. Mas a política monetária era muito diferente, ainda não tínhamos Quantitative Easing.

E diante disso estão comprando o que?

Somos fascinados por portfólios diversificados. Temos bolsa em praticamente todos os continentes. Comprado no S&P500, Nasdaq, bolsas asiáticas. Gostamos muitos das empresas de commodities: mineradoras, petróleo. No caso das mineradoras, acreditamos que o fato da recuperação ser em V deve levar a estímulos em infraestrutura global. Achamos altamente assimétrico. Temos mineradora no Brasil, no Peru e estamos comprados em uma cesta de empresas de metais.

Como nós sabemos que podemos errar, carregamos hedges em nossa carteira. E esses hedges estão posicionados, principalmente, na curva de juros de países que tem a possibilidade de terem problemas fiscais.

Em Brasil, por exemplo, juro curto a 2,8% nós somos tomadores, mas torcendo para dar errado porque se der errado a bolsa vai andar muito.

No comparativo entre as duas pandemias, o quão forte a política global vai impactar na atual?

Olhando para o mundo atual a gente enxerga a possibilidade desse tema voltar a mesa por conta das tensões com a China. Não acreditamos que isso vá acontecer por conta do Trump precisar dos mercados minimamente estáveis para poder se reeleger.

Cenário político pode atrapalhar o Brasil?

Sim, pode. Temos posição em bolsa, mas é o principal mercado de nossos hedges. Estamos tomado no DI de curto e médio prazo, principalmente por conta do fiscal. Os ativos estão baratos, mas é preciso ter hedge em Brasil.

Somos uma casa Latam e estamos gostando muito do call de Chile. A moeda chilena depreciou muito motivos domésticos antes da crise, continuou se depreciando, mas é uma moeda intimamente ligada a commodities.

Além disso, diferente do Brasil o governo de lá aumentou muito a sua popularidade. O Pinera, presidente do Chile, que era tido como um governante que não iria conseguir “governar” viu sua popularidade sair de 8% para 25%. Impressionante.

Se não tiver vacina não tem retorno em V?

Vacina seria um gatilho para você ter uma convicção enorme da recuperação. Mas se você tiver uma reabertura gradual sem segunda onda é possível ter a recuperação em V sem vacina. Mas, uma vacina ajudaria bastante nisso. Lembrando que em 1957 chegamos a ter a segunda onda, mas a vacina apareceu rápido.

Coffee Stocks #37

Nilson Teixeira é Diretor de Investimentos e fundador da Macro Investimentos

Macro

Tenta sempre olhar o passado para tentar prever o futuro, mas a verdade é que não há nada parecida na história. Olhando para pandemias anteriores, os países não eram conectados como hoje

Primeiro semestre será de muita recessão, parecido com a Segunda Guerra Mundial, e as respostas também serão parecidas: expansão de gastos e expansão monetária

Pegando como exemplo EUA e Brasil. Nos EUA, tivemos uma expansão fiscal muito forte para cerca de 20% do PIB. No Brasil a mesma coisa, tivemos uma expansão fiscal muito forte, da ordem de 10% do PIB. Para se ter uma ideia, ano passado foi de 0,7% do PIB. Sem falar que tivemos uma expansão monetária nunca antes vista no país. A diferença está na rapidez com que esses estímulos são implementados em cada um desses países. O Congresso dos EUA aprovou os estímulos para a sociedade de forma muito rápida, diferentemente do Brasil.

Até por isso, a saída da crise nos EUA será mais rápida e ao meu ver será na forma de “raiz quadrada”, ou seja, forte recuperação, volta pela metade e estabilidade. Por aqui, pode ser que a gente veja uma queda forte sem que a volta seja necessariamente rápida.

Câmbio

O câmbio responde à incerteza global, mas tem questões locais. A deterioração fiscal e política para nós são as duas principais. Vender reservas não é uma solução permanente. Como o governo pode resolver isso? É simples, é só o presidente vir a público e dizer: “olha, estamos atenuando a crise, mas nos próximos anos, assim que a atividade estiver retomando, teremos um processo rápido de ajustes. Vamos diminuir subsídios, talvez tenhamos que aumentar impostos, reduzir gastos, pedir apoio do setor público…”.

Além disso, é natural ter problemas políticos, mas o presidente tem que parar de picuinha. Todo mundo sabe que é ele quem manda, ele não precisa ficar lembrando disso a todo momento. Tem que chegar a um acordo no Congresso e deixar o Supremo seguir a constituição. Feito isso e se o cenário externo se mantiver estável, o câmbio se aprecia. É muito difícil investir em um país com esse cenário tão nebuloso.

A receita é simples, mas a implementação tem sido difícil. O presidente precisar parar com esses aflitos e buscar as reformas. A gente ouve o ministro falando de muitas reformas, tais como a administrativa e a tributária, mas elas não estão sendo implementando tanto no executivo como no legislativo. Um exemplo é o veto ao aumento salarial dos funcionários públicos, que ainda não saiu.

Alocação

Ainda que o cenário americano seja incerto, ele é muito menos nebuloso que o cenário brasileiro. Teremos contração, mas a recuperação será forte. No geral, nosso portfólio está mais em renda variável do que renda fixa. Estamos comprados no S&P500 e Nasdaq. No Brasil, estamos investidos em ações e mais em utilities, CPFL por exemplo. Quando nós olhamos as NTNB’s elas têm uma taxa de retorno real em torno de 4%, enquanto as utilities oferecem retornos de 10%.

Também gostamos de empresas exportadoras, tais como a Vale, que deve se beneficiar também com a volta do consumo na China, e JBS, por conta do consumo e participação relevante nos EUA. Também estamos posicionado em bancos por acreditar que parte desse cenário nebuloso de possível aumento de tributos para o setor já estar nos preços. Nossas posição são hedgeadas com opções. Também gostamos da bolsa chinesa.

Ouro

É uma posição crescente em nossa carteira. Dada a expansão monetária enorme no mundo, os ativos reais ganham valor e consequentemente o ouro é um desses ativos. Não enxergamos como Hedge. Dólar e moedas perderam valor, então vemos o ouro ganhando valor.

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