Thiago Salomão conversou com Daniel Leichsenring (#38), Bruno Marques (#39), Felipe Padua (#40), José Carlos Carvalho (#41) e Felipe Guerra (#42)
Coffee & Stocks – #38 – 18/mai/20
Daniel Leichsenring é economista-chefe da Verde Asset
Macro Brasil
Em 2004, o vento de cauda do era tão favorável que a maré encheu e nosso barquinho subiu junto. Fiquei bastante otimista em 2009 na saída da crise por achar que o Brasil não tinha tanto problema aguda e digamos que de 2011 em diante começamos a fazer muita besteira e aí começou um pessimismo meio progressivo que culminou no auge ali de 2015 quando, de fato, o Brasil mudou.
O Governo Dilma foi exatamente o que esperávamos: uma catástrofe. Na verdade começou lá atrás com o Governo Lula. Boa parte do que vivemos hoje é consequência direta do Governo PT. E nos surpreendemos muito com o governo Temer, um governo de coalizão muito pouco popular que conseguiu aprovar as reformas que fazem o Brasil ter o mínimo de capacidade de aguentar a crise.
Então quando o veio o Governo Temer, uma sequência de reformas, um Congresso mais reformista que assumiu em 2018 e que entregou a Reforma da Previdência em um país que defendia o controle de gastos e o Teto dos Gastos, fiquei mais animado porque parecia que o Brasil iria dar certo. Mas dai veio esse meteoro que atingiu a gente em cheio.
Bolsa americana x brasileira
Apostam em bolsa americana por ser mais otimista com exterior, devem se recuperar melhor e mais rápido que Brasil. Nos EUA margens serão protegidas e custo de capital não deve subir. Enquanto isso no Brasil haverá uma pressão da sociedade para manter pagamentos de maneira permanente, o que não é possível. Anualizando os 600 reais por mês, dá 400 bilhões de reais por ano (5% do PIB)
Coronavirus
A pergunta correta é: o que eu posso fazer para melhorar a economia sem que isso custe nenhuma vida a mais? Mas a briga atual faz com que nem vidas sejam salvas nem melhore a economia.
Estamos há 2 meses em quarentena e ainda não temos para fazer testagem em larga escala, para rastrear a contaminação, etc.
Otimismo com Brasil
Será otimista se Brasil mantiver sustentabilidade da dívida. Para sair da crise é necessário fazermos mais testes
Visão sobre o Brasil
Se fiscal não tiver solução, a única saída é Guarulhos -> teremos hiperinflação e desvalorização cambial
No curto prazo a crise é deflacionária. Por causa do desemprego e digitalização temos inflação menor.
Juros devem cair mais, é melhor ter volatilidade na SELIC que no PIB
Coffee & Stocks – #39 – 19/mai/20
Bruno Marques é gestor macro da XP Asset
Alocação
Apostam na queda de juros, que Banco Central deve ser “obrigado” a derrubar juros por termos inflação abaixo da meta. A questão é até aonde os juros podem ir. Brasil emite dívida curta a 1% em dólar, então não deveríamos ter 1% em reais.
E existe algum limite de retorno que o poupador (nós) não toparia financiar a dívida do governo e a partir desse momento cortar juros não surtiria mais efeito.
Estão apostando na queda de juros 2021, preferem não apostar nos anos seguintes pois a curva longa é mais sensível à expectativa de juro de equilíbrio e prêmio de risco que na prática só vai cair quando ficar claro que tudo que estamos fazendo não vai gerar impactos fiscais permanentes
Bolsa
2/3 IBOV, 1/3 S&P. EUA pode gerar impulso fiscal e monetário muito grande. O único problema da bolsa americana é o preço, reduziram posição ontem.
No Brasil estão mais otimistas com relação a riscos. A crise de saúde é temporária, mas a crise econômica pode se estender e tomar uma proporção própria. O grande risco é o fiscal se tornar permanente (já que aconteceu isso em 2008).
O problema do Brasil não é a dívida em si, mas a trajetória dela
2 vetores que devem mover a bolsa: crescimento e juros
O Brasil tem risco? Tem, mas estamos sendo bem remunerados pra correr esse risco. O ruim é correr risco sem ser remunerado.
Dólar
Estão comprados em dólar para proteção
Perda de otimismo
Virus piorar e fiscal deteriorar
Ações
Compram ações do fundo long/short da XP e compram índice. Gostam do índice por ter ações de empresas grandes, oligopolizadas e com bastante caixa. 30% é exportador e 25% é banco
Moedas
Apostam em desvalorização do yuan
Coffee & Stocks – #40 – Felipe Padua – 20/mai/20
Felipe Padua é gestor macro da Pacífico
Bolsa
Estão com posição zerada. Estavam comprados em abril, mas zeraram em maio.
Macro
Possuem projeção de crescimento bem mais baixa que mercado. Brasil já tinha dificuldade de crescer antes do coronavirus e tinha muita dívida. Em termos práticos, teremos governo pior pós corona e empresas/pessoas físicas mais endividadas.
Melhor apostar em queda de juros que performance da bolsa
Irão comprar bolsa quando tiverem uma opinião diferente do mercado. Você ganha dinheiro dessa maneira: quando mercado está pessimista demais ou quando enxerga algo que mercado ainda não se deu conta.
Irão vender bolsa se houver piora da pandemia/postergação da quarentena
Dólar
Andou demais, é consensual, variam entre comprado ou neutro no dólar
Tanto setor público quanto privado não correm risco de insolvência por causa do dólar
Não se sente confortável em apostar na valorização do real por isso significar que Brasil ficaria mais risco antes do resto do mundo.
Dólar não é o causador da pobreza e sim o mensageiro da pobreza
Juros
Inflação está abaixo da meta, então vão cortar juros
A questão é que não somos país desenvolvido e não dá para derrubar muito os juros
Coffee & Stocks – #41 – Felipe Padua – 21/mai/20
José Carlos Carvalho é economista-chefe da Paineiras
Estratégia
Período atual possui muitas incertezas, então decidiram tomar posições mais táticas que estruturais
Alocações
Chegou a ter 20% de bolsa (local e internacional) no fundo, hoje tem 5%
Possuem 10% USD contra BRL e 5% em ouro como proteção. Apostavam na queda do DI23 e zeraram recentemente
Banco Central
Quando o juro longo estava mais alto que o juro de curto prazo, faz sentido emitir mais juros curtos (LFT).
Começou também a fazer Twist -> comprar títulos públicos de longo prazo
O efeito colateral seria investidor não querer financiar a dívida do governo a 3%, ocasionando a alta do dólar
Apostaram na queda do juro curto e na alta do dólar. Reduziram pois o juro caiu demais e estão intervindo demais no dólar.
Coffee & Stocks – #42 – Felipe Guerra – 22/mai/20
Felipe Guerra é sócio e fundador da Legacy Capital
Macro
Eram otimistas com Brasil, mas após coronavirus ficaram mais cautelosos. Expectativa é queda de PIB e 9% este ano, com viés para baixo, e entendem que alguns benefícios devem se tornar permanentes.
Baixo crescimento + inflação baixa = depressão financeira
Estão comprados em dólar por acreditarem que SELIC deve continuar caindo
Juros baixos -> aumenta a procura por alternativas de investimento que rendam acima de 2% ao ano. A bolsa possui ativos reais e o dólar é um ativo real.
Comprados em bolsa brasileira e vendidos em bolsa mexicana e também estão comprados em bolsa americana
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