Stockpickers #2

Thiago Salomão entrevistou André Gordon da GTI e Heloisa Cruz da Stoxos.

O ponto central era a vida de um contrarian, que se contrapõe ao investidor de manada (que compra o que está na moda no momento).

Contrarian costuma questionar um pouco mais que a média e demora para ser convencido. Para você entrar em uma posição contrária ao do mercado, é necessário que você tenha muita convicção. Além disso, mesmo você tendo razão, não é saudável se posicionar na frente de um ônibus descendo uma ladeira. Deixa o ônibus passar, olha o que sobrou e depois entra no papel.

Helô comenta que só investe em ativos em que há uma possibilidade de ganho de 100% em 2 anos. Menos do que isso não faz sentido investir. Além de ter dinheiro para ganhar, ela precisa confiar na história.

Ela lembra que as maiores assimetrias estão nos papeis em que ninguém olha.

André, em outro momento, comenta que precisamos fugir dos preconceitos básicos (não investir em empresa estatal). Pois uma estatal bem gerida (Coelce) é melhor que uma empresa privada (Taurus).

O pulo do gato é comprar bem. Você até pode não ganhar muito dinheiro, mas aguenta desaforo.

Preço todo mundo sabe (é informação pública), a questão é o valor.

CIEL

É uma empresa que viveu por um bom tempo como queridinha da bolsa (junto com RADL, BRF, KROT, UGPA) que iria entregar resultados crescentes mesmo com a crise.

Infelizmente ela viveu um setor com grande potencial de crescimento e com margens altas.

Muitos players entraram no setor e praticaram uma guerra de preços. Existe o questionamento de até onde vai essa guerra de preços. Eu comparo esse setor com o que o minério de ferro viveu em 2014-15. Vale/BHP/Rio Tinto aumentaram capacidade, derrubaram preço e destruíram players menores.

Algo análogo ao ocorrido com a OPEC em 2014.

Voltando à realidade da Cielo, ela já queimou em torno de 2 bilhões de reais para se ajustar a essa nova realidade. Até quando Stone e Pagseguro irão aguentar?

Gordon comentou que Cielo tem 70% da Cateno (emissora de cartões), gera 700 milhões de reais anuais para a Cielo e não participa da guerra das adquirentes.

Cielo sempre focou no público corporativo (cuja precificação é muito competitiva), enquanto isso Pagseguro focou na base da pirâmide. Agora Cielo está partindo para este público.

Heloisa tem muito medo da Cielo pois não sabe qual será o final da história. Apenas sabe que é algo muito ruim.

Temos a discussão de que players como Rede (do Itaú) e Getnet (do Santander) não estão listados na bolsa, portanto não precisam mostrar o balanço a investidores. Enquanto isso, Cielo tem de mostrar seus balanços de maneira trimestral. Existe a possibilidade de bancos derrubarem preços para destruírem o case da Cielo.

Gordon concorda com essa possibilidade, mas lembra que a alíquota de imposto de renda é menor em adquirentes que em bancos.

ITSA/ITUB

Heloisa entende que papel não vai crescer 100% nos próximos anos e o custo do aluguel é baixo, então prefere deixar ITUB no short.

Gordon tem ITSA há muito tempo e gosta do fato de o papel ter entregue 20% de ROE durante vários anos.

Todo mundo foca demais nas possíveis perdas de receita do Itaú, mas esquece as possíveis perdas de custo (com maior eficiência, por exemplo).

Itaú consegue segmentar bem seus clientes e clientes ricos já não pagam taxa.

Já cases como Banco Inter precisam ser compreendidos ainda (possuem dificuldade em monetizar seus clientes).

JSL

Gordon é acionista desde o IPO e gosta do case. Ela vive um setor que é alavancado no crescimento do PIB (transporte) e mesmo com a crise vivida no país a JSL conseguiu entregar crescimento.

Heloisa entende que case de JSL é difícil de entender (eu nunca consegui entender a dinâmica de renovação de frota0, que JSL gera muito caixa mas ao mesmo tempo consome caixa

Trade da vida

Helo -> UNIP

Gordon -> LCAM

Case que mais perdeu dinheiro

Helo -> MILK

Gordon -> BISA

Melhor empresa da bolsa

Helo -> WEG

Gordon -> LREN

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