Stockpickers #27

Thiago Salomão participou de um evento em Recife e chamou João Braga, Felipe Fontes e Renoir Vieira.

Braga começou dizendo que é estruturalmente pessimista, mas hoje entende que há motivos para ser otimista: (i) PIB parou de cair; (ii) as empresas fizeram a lição de casa e agora possuem alavancagem operacional (se venderem mais devem obter margens melhores pois os custos fixos já foram pagos); (iii) queda de juros (despesa financeira menor, sobra dinheiro para investir em outros ativos).

O ponto é que isso já acontece há algum tempo e a bolsa já saiu de 38 mil pontos para 110 mil (como Matheus questionou). Braga respondeu dizendo que nada já está precificado. Eu acho que sim, que algo já está precificado.

Braga lembrou que o estrangeiro gosta de crescimento ou de dividend yield. Com a queda dos juros, o yield já foi. Ficamos então no aguardo do crescimento. Eu acho que com crescimento a bolsa pode andar.

Braga falou que o crescimento de lucro veio basicamente de commodities e falta vir a pernada das varejistas. É importante lembrar que varejo tem peso pequeno no índice e varejistas dobraram de preço em 2017.

Então não, não vejo pernada do varejo. Só se eles entregarem crescimento (crescimento do PIB).

Felipe

Em termos líquidos, há uma grande demanda de pessoas querendo entrar na bolsa. Mas elas precisam aprender os riscos envolvidos.

Felpe sugeriu começar aos poucos, entrar em ETF, e depois ir tomando mais risco entrando em ações específicas.

“O erro vem de não saber o que se está fazendo”. Se a ação cai, você compra ou vende? Se nada mudou, deveria comprar.

O segredo é se expor ao erro, mas se expor de maneira pequena. Se você errar, você não quebra.

Braga lembrou que o maior desafio não é contabilidade e sim finanças comportamentais (vender na baixa por medo).

Não fique preso ao passado, sempre questione os ativos que estão na sua carteira para não deixar lá por puro status quo.

Procure quem discorda de você para ver se seus argumentos são válidos.

Ações

VVAR

Braga é muito otimista com o papel. O case principal é de turnaround (papel pode multiplicar por 3) e se houver melhoria do varejo como um todo é um upside adicional (papel pode multiplicar por 10).

Eu entendo que se o Klein não conseguir arrumar a VVAR, pode vender tudo e decretar falência. É um case de entrega. Não é óbvio, mas você deposita muita confiança no management atual.

OI

Felipe diz que é um case de evento. Empresa morre, vende todos os seus ativos e tchau. Essa é a minha visão também.

Bancos

Renoir comentou que receita de serviços irá cair e consequentemente o ROE irá cair (pois receita de serviços não aloca capital).

É uma tendência secular a queda da rentabilidade dos bancos brasileiros. Bancos internacionais possuem um ROE menor (12-13%) que os brasileiros (20-22%) e se forem superadas todas as barreiras de entrada (como open banking), devemos ver uma convergência de ROE dos brasileiros para peers internacionais.

Mas isso não significa que bancos brasileiros valem zero.

Um ponto que eu concordo com o Renoir é que bancos estão distribuindo muito dividendo e fazendo algo (mas não muito) para frear o avanço das fintechs.

Sim, é complicado competir com quem dá prejuízo ano sim/ano sim e os investidores não ligam para valuation. Mas é um problema que os bancos precisam aprender a resolver.

Um comentário em “Stockpickers #27”

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