Stockpickers #24

Rodrigo Galindo da Novus Capital, Marcelo Cavalheiro da Safaria, João Braga da XP Asset e Luciana Seabra.

Long Bias

Eu já trabalhei em gestora e long bias é um bicho estranho: quando bolsa vai mal, comparam com CDI e quando bolsa vai bem comparam o fundo com a bolsa.

Existe o fundo clássico de ações (long only) que você apenas pode ficar comprado em ações e o long short, que você fica comprado e vendido ao mesmo tempo.

Como o mercado financeiro é criativo, fizeram um produto em que o gestor tivesse liberdade para escolher o quanto que ficaria comprado. Daí nasceu o long bias. Se bolsa ficar errática, ele pode assumir uma posição de long short e se beneficiar.

E se a bolsa subir, ele pode configurar o fundo para que aproveite esta alta.

Como a Luciana comentou, não pode oferecer fundo de ação ao varejo que tenha como benchmark algum ativo de renda fixa. Então, por regulação, o fundo long bias que ser um multimercado.

Safari possui uma proposta saindo do macro e indo ao micro, enquanto eu prefiro ter uma visão micro e depois fazer uma checagem com o macro.

Novus é uma fusão da Flag com a Modal (desde dezembro/18) e Luciana ainda quer entender se os gestores de ambas casas estão se dando bem.

Fundo multimercado

A grande maioria dos fundos multimercados tem como benchmark o CDI e, com a queda do CDI, fica a questão se as taxas de administração (2%) e as taxas de performance (20%) fazem sentido neste ambiente de CDI baixo.

Eu pessoalmente acho que não e este foi o principal motivo de eu ter resgatado todo o meu dinheiro que estava em multimercados quando a SELIC ficou abaixo de 10%.

Luciana entende que alguns gestores justificam ter esta taxa e outros não. Na minha visão isso parte muito do quanto o cara efetivamente entrega ao cotista. E, se o cotista concorda com estas taxas, eu não vejo problema

Para a Luciana não faz sentido cobrar 2%/20% se o fundo tem volatilidade baixa. Inclusive, em alguns casos, 70% da rentabilidade do fundo fica com o gestor e apenas 30% com o cotista.

Ela lembra que nos EUA tem gente que cobra até mais que 2%/20%, mas tem nome e histórico.

Commodities

Call de commodities é complicado pois depende de muitas variáveis que não estão no seu controle.

Braga fica arbitrando entre o preço atual da commodity e o que está sendo precificado na ação de empresa daquela commodity. O problema é Suzano, por exemplo, pois não há mercado futuro de celulose. Ele comentou que deu certo com Petrobras recentemente.

Brasil

Reformas vão ocorrer sim, mas não na velocidade que todos desejam.

Por ter resolvido a questão fiscal, Brasil entrou na dinâmica global e derrubou juros. Não vamos viver juros negativos no Brasil, mas ambiente é propício para queda de juros.

Brasil não cresce há muito tempo, as pessoas se acostumaram a ver as coisas dando errado. Quando Brasil efetivamente crescer, vai surpreender todo mundo.

Azul

Todos gostam de Azul.

A companhia ganhou novas rotas em Congonhas, está bem posicionada na mudança da regulação do setor, tem malhas “únicas”, exposição relevante ao setor business (não é sensível a preço) e não vamos ter novos aeroportos entre SP – RJ no curto prazo. O que ocorrerá é aumento de preço das passagens (positivo para aéreas).

Movida

Sim, é pior que Localiza, mas múltiplo atual da Movida está muito descontado.

Apesar de eu gostar muito de comprar empresas descontadas, é complicado apostar em uma redução de prêmio da empresa boa contra a ruim. A Movida já patinou, enquanto a Localiza entregava.

Pode existir uma boa margem e aguentar desaforo, mas eu não tenho conforto com Movida.

Varejo online

Todo mundo posicionado, o que muda é o cavalo. Concordam que vida da Amazon no Brasil não será fácil.

MGLU

Cavalheiro decidiu mandar uma analista júnior na frente pois tinha muito preconceito com a companhia.

Checou os números, gostou e comprou.

Frederico (atual CEO) conseguiu converter a mentalidade da companhia de físico para digital, o que não é óbvio.

Mercado Livre

Está há muito tempo fazendo ecommerce, é bem posicionada e deve aumentar penetração nos próximos anos.

VVAR

Principal posição do Braga, que aposta no turnaround da companhia.

“Não confie em variáveis que você não controla”.

Teoricamente a gestão atual deveria corrigir ao menos o varejo físico. Se conseguir entregar omnichannel (físico + ecommerce), é bônus.

Utilities

Novus gosta de Copel (TIR implícita alta, potenciais ativos que podem ser vendidos – telecom e como toda estatal pode reduzir G&A), Sabesp (expectativa de algum evento no 4T19 como privatização ou discurso mais positivo de alguns candidatos a prefeito) e zerou Omega recentemente (por questão de preço).

XP tem Sanepar, apanhou bastante quando órgão regulador resolveu não conceder reajuste em 2017 e segura até hoje. Governo do Paraná precisava de dinheiro e uma das opções era vender ações da Sanepar.

XP então forçou a companhia melhorar a sua governança, ter tradução para o inglês no site, etc. Agora Braga acredita que alguns reajustes extraordinários possam ocorrer e, inclusive, antecipação de reajustes.

Eu não acredito, mas ok. O pior da Sanepar já passou.

Safari tem CCR e acredita que: (i) o grosso das notícias negativas já foi; (ii) há novas concessões no curto prazo (tem que entender a TIR dessas concessões); (iii) aditivos contratuais (novos investimentos são necessários e contratos são muito longos).

Qualicorp

Braga aprendeu a gostar de empresa barata

XP hoje tem nos fundos 13% de VVAR e 12% QUAL.

Empresa negocia a 14x P/E (barata frente a peers), está em um setor bom (saúde) e teoricamente a entrada da Rede D’Or no corpo de acionistas pode trazer crescimento para a companhia

Construção civil

Novus tem Cyrela e Direcional, Safari tem MRV e Braga acha que tudo está caro. A múltiplo de high do ciclo do passado.

Concordo com Braga, o que vemos hoje está totalmente fora da realidade e entendo que incorporadores esqueceram da crise em que eles passaram recentemente.

Financeiro

Novus tinha B3 e zeraram recentemente, Safari não tem e XP tem Banco do Brasil.

Segundo Braga, lucro de bancos cresce pouco para fazer sentido ter exposição.

Eu acho que Banco do Brasil está barato, mas fica a questão que, se para o Itaú é um desafio sobreviver às fintechs, o que será do Banco do Brasil no futuro?

OI

Não acreditam na companhia (eu acredito). Novus negociou OI apenas para ter ganhos no curto prazo

Saúde

Gostam de Hapvida, mas ela nunca cai.

XP tem Qualicorp, enquanto Novus e Safari não estão posicionados.

Clique aqui para ler o episódio 1 do Stockpickers.

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