O Pior Emprego do Mundo

Thomas Traumman, um jornalista que trabalhou no Grupo Folha, na Veja e na Época, comenta sobre o que ele define como pior emprego do mundo: o cargo de Ministro da Fazenda.

É pior emprego por justamente estar na intersecção da esfera política com a esfera econômica.

Os sonhos megalomaníacos de presidentes/ministros gastarem o que possuem normalmente passa pelo ministro da Fazenda. E ele, infelizmente, possui um orçamento que não é infinito.

Enquanto a economia nos EUA anda sozinha, a economia brasileira possui um alto grau de intervenção e dependência do Estado. Demandando então uma grande urgência pela decisão do ministro. Logo, além de estar em um emprego difícil, ainda pega um país complicado. Então o ministro da Fazenda brasileiro possui o pior emprego do mundo.

O ministro da Fazenda possui o ponto positivo de que ele não precisa ser eleito, apenas ter o apoio do presidente. O cargo foi criado em 1808, com a vinda da corte real portuguesa ao Brasil e permanece desde então.

Como o Brasil passa constantemente por crises, é necessário ter um ministro da Fazenda respeitável. Mas ao dar muito poder ao ministro, o presidente acaba se enfraquecendo.

Um presidente com popularidade alta é ruim pois a confiança impede ele de ouvir qualquer sugestão de correção do rumo. E, um presidente com popularidade baixa possui baixa autoestima e cria insegurança em toda a sua equipe.

É visível que a corrupção acontece desde sempre no Brasil, existe uma dificuldade muito grande de se fazer um ajuste fiscal e que toda crise é simplesmente resolvida com maior crescimento (um belo paralelo com o que vivemos em 2019).

A solução sempre foi (e provavelmente sempre será) via inflação.

Pela veia jornalística, o autor do livro coloca várias notícias durante o livro. E destaca excessivamente o curto prazo.

Infelizmente, a Dilma provou para a gente que a história não se repete: não deu para repetir a fórmula de 2008/09 em 2012/13, em 2008 conseguimos sair da crise e em 2013 entramos em outra.

O livro é bom, mas acho que houve um foco muito grande nos último 10 anos. Poderia ter distribuído o foco ao longo dos anos.

Principais frases do livro:

“Os políticos usam os economistas como os bêbados usam o poste: mais para apoiar que para iluminar”.

“Um político chama 10 economistas, 9 afirmam que as coisas vão mal e pedem medidas duras; o político olha e diz: são 9 urubus. O último economista diz que está ruim mas pode melhorar. Este último disse o que o político queria ouvir, não é um urubu. É um canarinho. E o político adora canarinhos”

“Vamos deixar a esquerda perplexa e a direita indignada”, Collor.

“O mercado vai se antecipar a qualquer medida do Governo”, Daniel Dantas.

“Preciso fazer algo que nem o mercado imaginasse que pudesse ser feito”, Collor.

Leia o meu review do livro do Thiago Nigro.

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